Comportamento,
Queremos o amor, mas estamos prontos para, de fato, amar?!
Quando eu escrevia poemas na
adolescência, teve uma frase que me marcou e ficou até hoje: que o nosso amor
não destrua nossas diferenças, e que as nossas diferenças não destruam o nosso
amor. E, cada vez que paro e reflito sobre essa frase, ela se amplia e
amadurece, e se consolida como uma excelente definição do que é o amor, na prática.
Afinal, o amor vai além da paixão e
envolve uma relação madura entre pessoas que aprendem a amar as
particularidades de cada um. O amor também vai além da relação amorosa entre
duas pessoas que se enamoram e envolve desde o amor próprio ao amor entre pais
e filhos, irmãos, amigos e a própria vida.
Mas hoje eu quero focar no amor entre um
casal e o porquê, embora no fundo busquemos o amor, acabamos nos perdendo em meio
ao caminho com ilusões e paixões, resultando em relacionamentos que nos levam a
sofrer, a nos decepcionarmos e a achar que o amor não passa de ilusão e utopia.
E esta que é a verdadeira utopia, já que o amor é inerente ao ser humano!
AMOR
X PAIXÃO: AFINAL, O QUE É O AMOR?
A gente gosta de classificar as coisas e
estabelecer padrões, sejam eles de beleza, de status quo, de padrão emocional e
também de parceiro ideal, no qual idealizamos qualidades, forma física, padrão
cultural e financeiro, mas jamais pensamos nos defeitos, como se eles não fossem
inerentes a todos os seres humanos, já que somos todos aprendizes e estamos em
processo de amadurecimento.
Queremos alguém que nos complete, que
seja nossa “cara metade”. Alguém que nos entenda sem a necessidade de muitas
palavras. Que nos suporte nos momentos mais difíceis e que nos transborde ainda
mais nos momentos de felicidade. Alguém que podemos contar nos bons e maus
momentos. Alguém que a gente ame conversar. Alguém que a gente possa confiar.
Alguém que a gente possa sorrir, mas também chorar junto. Alguém que a gente
ame fazer amor, pois o sexo faz parte do relacionamento amoroso e é uma parte
importante. Alguém que a gente possa compartilhar experiências, e também tempo
de vida, pois a gente quer amar até que a morte nos separe!!...
Esta é a essência do que realmente
buscamos no amor, mas deixamos de perceber os sinais do coração, onde as almas
se comunicam, para focar em outras coisas, como beleza física, ou padrões
financeiros e/ou culturais, ou para sentimentos que não sustentam, de fato, uma
relação.
“Querer
alguém por sua beleza não é amor, é paixão. Querer alguém por sua inteligência
não é amor, é admiração. No entanto, querer sem saber por que, é amor.”
AH,
A PAIXÃO!!...
Queremos o amor, mas focamos na paixão porque nos habituamos a sentimentos e relações rasas e nos tornamos egoístas. Queremos nos satisfazer, e não ao outro. O outro que busque se encaixar no que queremos, esta é a realidade.
E, como ilusão, a paixão se passa por amor. Ah, a paixão!!... Quando alguém se apaixona, perde o
sentido da realidade, projeta em seu ser amado seus ideais de amor e o deseja a
cada instante. É um sentimento intenso, envolvente, forte, mas que não se
sustenta com o dia a dia e com a necessária aceitação do outro, tampouco das dificuldades do dia a dia.
Tem uma frase do Cazuza que diz: “o
nosso amor a gente inventa pra se distrair, e quando acaba a gente pensa que
ele nunca existiu”. Essa frase, na verdade, define bem a paixão.
O amor vai além da paixão... Além da
atração física e do romantismo... Além das projeções onde, na verdade, queremos
que o outro seja como idealizamos, pois não queremos saber dos defeitos, mas
somente das qualidades que desejamos.
Apaixonar-se é revigorante... mas querer
transformar paixão em amor, sem que, de fato seja amor, é caminho certo para o
sofrimento e a dor. A paixão acaba, e não se sustenta... Com o tempo, a paixão
sufoca, pois é possessiva e imatura, já que não lida com a realidade e a
aceitação real do outro. Ela sim, uma utopia... um sofisma que faz os
apaixonados pensarem que estão amando... mas não estão!
É
AMOR OU PAIXÃO?
E como saber se é amor ou paixão? É
quando volto à minha frase inicial: que o nosso amor não destrua as nossas
diferenças, e que as nossas diferenças não destruam o nosso amor!
O amor, intrinsicamente, respeita as
diferenças do outro, pois o amor é a
aceitação do outro, e não a projeção do que queremos no outro. Amor é saber que
cada pessoa é única e que amamos o outro por inteiro, com suas qualidades, mas
também seus defeitos.
Amar
é, de fato, um grande desafio. Para amar precisamos nos desfazer das
projeções e idealizações que temos de forma pré-concebida, e aceitarmos viver um
novo processo que inclui seguir nosso coração, ouvir a nossa alma, e a alma do
outro, e trilhar, juntos, um caminho de descobertas, de cumplicidade e, acima
de tudo, de confiança e entrega.
Uma
relação onde não se exige perfeição e sim maturidade para lidar com os
problemas, pois, sim, eles existem. A questão é: queremos o amor, mas estamos
prontos para, de fato, amar?
“Amar
é, de alguma forma, estar apaixonado por nossas diferenças. Ver o bom e o mau
do nosso parceiro, sem anestesia. A paixão e o apaixonar-se não duram mais que
alguns meses. Precisamente, é o amor que dura, então o amor verdadeiro é aquele
que cultiva o compromisso, a atração e a intimidade. O amor é construído nas
fundações do bem estar conjunto e individual, fomentando o crescimento pessoal
de cada um e diminuindo toda a vulnerabilidade emocional que está presente em
nós. Amar não é só felicidade, também é estabilidade, confiança, proteção,
crescimento e incondicionalidade. Isso é o que o torna completo, único e
verdadeiro!”
O
amor não pode ser definido, porque definir é limitar e amar não tem limites. –
Carlos Cuauhtémoc.
Fiquemos, então, com esta reflexão: queremos o amor, mas estamos prontos para,
de fato, amar?!...
Até a próxima postagem!