Colônia del Sacramento: beleza histórica a poucos minutos da Grande Buenos Aires
Por Ricardo Montenegro e Carlos Rodríguez
Ruiz*
Dona de milhares de pores do sol, destino de escapadelas
românticas e objeto de todos os olhares ao longo da história, é um dos mais
belos cartões-postais que o Uruguai oferece quando o recebe.
Como todos os departamentos do país, e mais
ainda quando se trata de turismo, Colônia possui uma série de singularidades
geográficas, históricas e culturais que a diferenciam. Os mais de duzentos
quilômetros de litoral mostram com orgulho a variedade que os visitantes que
nunca pisaram em suas terras podem esperar. As calmas e sempre presentes praias
naturais de areia fina e branca, pontilhadas na paisagem por outras de altas
ravinas com vistas inigualáveis, fozes de rios e ribeiras que são refúgio para
centenas de barcos desportivos que cruzam as suas águas em todas as estações,
por vezes não tão mansos, que ainda surpreendem os mais de 2.000.000 de
argentinos que a cada ano cruzam o rio "largo como o mar", visitando
várias cidades e vilas do departamento; desde o pujante e portuário Nueva
Palmira, no rio Uruguai, até a tranquila Costa do Imigrante, já muito perto da
fronteira com o departamento de San José.
Colônia mostra ao Uruguai o descanso
tranquilo e a conversa despreocupada, o esforço do trabalho e a variedade da
imigração europeia, que juntos forjam o caráter nacional do lugar. Possui áreas
definidas pela imigração basca, visíveis em Carmelo e Nueva Palmira como em
nenhuma outra cidade; os piemonteses em La Paz e Valdense; o suíço-alemão em
Nueva Helvecia ou Colonia Suiza; Francês na região de Rosário; a área rural
multicultural marcada por Tarariras, Ombúes de Lavalle, Cufré, Florencio
Sánchez e Miguelete; o marcado sotaque manufatureiro de Juan Lacaze e a mais
cosmopolita Colonia del Sacramento, esta última o ponto de maior entrada de
turistas da Argentina.
Colonia del Sacramento, um ponto militar
estratégico quando o Império Português a fundou em janeiro de 1680, adquiriu a
mesma categoria, mas do ponto de vista turístico. Fundada pelo governador do
Rio de Janeiro, Manuel Lobo, com o mandato imperial de estender a fronteira ao
sul e assim marcar sua reivindicação à coroa da Espanha, que já tinha Buenos
Aires como porto de partida, tanto para a produção de peles e outros insumos,
como prata e ouro, que viajaram do Alto Peru. Em 1995 e após quase 30 anos de
trabalhos de restauração e proteção, o local foi declarado Patrimônio Cultural
da Humanidade pela UNESCO, fato fundamental para a expansão do turismo, desde o
número de visitantes ao elevado investimento na hotelaria. Esta joia representa
um imã para turistas de fora da região, muitos deles adeptos de sítios
distinguidos pela UNESCO e é comum encontrar naquelas poucas quadras, com
linhas irregulares, grupos de turistas que falam várias línguas de todos os
continentes.
Qualidade
ao estilo uruguaio
Mas o turismo não é apenas uma questão de
história. A produção de lacticínios, vinhos, queijos e doces é cada vez mais
aceita pelos hotéis e restaurantes locais, dada a receptividade dos turistas
que preferem produtos locais e praticamente ecológicos, seguindo as velhas
tradições trazidas da Europa. A gastronomia transcendeu a proposta típica do
Rio da Prata e é um fiel reflexo daquela encontrada em outros destinos
importantes do mundo. A tradicional grelha que se mantém firme, compartilhando
o mesmo bloco com propostas gourmet da mais alta qualidade.
Na área vitivinícola, com epicentro no Carmelo, são produzidos vinhos de grande qualidade, em tradicionais adegas de prestígio internacional como a Irurtia ou a Zubizarreta, mas também noutras tipologias “boutique” que satisfazem o paladar internacional. É preciso lembrar que em Colônia está “o DNA do tannat”, segundo um enólogo francês que percorreu a região, desde os arredores da capital até além de Carmelo.
Destino preferido para escapadelas de fim
de semana, a proposta inclui cassinos, hotéis de luxo, bairros abertos, mas
construção de alta classe, shoppings e passeios tranquilos ao longo das
avenidas costeiras. Em Colonia del Sacramento, as noites começam com os mais
belos pores-do-sol que se podem ver: em um dia de céu claro, a enorme Buenos
Aires mostra seu imponente horizonte, com o brilho de suas torres envidraçadas
que lembram o sempre presente turista portenho, acotovelada na avenida
costeira, que em breve deixará este lado do rio e seus arredores bucólicos,
para retornar ao gigante urbano do Río de la Plata.
DICA
1
O departamento de Colonia repousa sobre o
cotovelo de terreno em que nasce o Km 0 do Río de la Plata dos grandes fluxos
dos rios Uruguai e algo mais além, o Paraná. Esta magnífica confluência pode
ser vista desde Punta Gorda, um ponto alto da praia onde desembarcou seu
descobridor ("onde Solís jejuou e os índios comeram", disse Jorge
Luis Borges) em 1516 e séculos depois, Charles Darwin.
DICA
2
O passeio pelas ruas antigas do Bairro
Histórico relembra os quase 100 anos de luta entre espanhóis e portugueses
trazidos para o meio urbano; Os paralelepípedos portugueses se cruzam com os
abobadados espanhóis, e as paredes de pedra e tijolo falam de construções de um
estilo sobre o outro.
DICA 3
Desfrute da Rota dos Vinhos do Carmelo com a Associação de Guias de Turismo de Colónia - Contacte Susana Vela: whatsapp +598 98 521 240.
* Textos por Ricardo Montenegro e Carlos
Rodríguez Ruiz.
Fotos: Cristian Denevi, Enrique Haladjian,
Diretoria de Turismo de Colônia.