Cidadania

Raul Brasil como exemplo de mudar a forma de agir nas escolas.

13 março Redação DBV - Dicas Bem Viver 0 Comments


Luiz Eduardo da Silva*

Neste dia 13 de março de 2020, completa um ano da tragédia na escola estadual Raul Brasil, em Suzano, SP, onde dois ex-alunos invadiram o espaço e tiraram vidas de alunos, professores e funcionários, de forma cruel, criminosa e banal.

O que se apurou foi que se tratava de vingança por bullying sofrido por um deles, enquanto aluno do estabelecimento de ensino.

Não se pode deixar de configurar que o ambiente escolar tende a conviver com conflitos de toda ordem, pois agrega dentre alunos, professores, diretores, coordenadores e funcionários, pessoas com ideias e pensamentos que tem a ver com formação e ambiente que vivem.

E a diferença de interesses, aliado à índole de cada um, leva muitas vezes ao conflito, pautado na ausência de se manter relações cordiais num espaço onde como cidadão, as pessoas devem aliar aprimoramento de sua educação, ao ensino para sua formação intelectual, visando, ou ao menos deveria visar, socialização para vida em comunidade.

A falta de estrutura familiar leva o jovem a muitas vezes desviar sua conduta por falta de incentivo e de amparo, passando a adotar comportamento que vai da violência verbal à física. Desde criança se aprende por identificação que aquilo vivenciado em casa se leva para a vida.

O ambiente escolar deve complementar educação e não ser responsável por ela.



A tragédia na escola Raul Brasil, nos coloca diante de uma realidade que apresenta dificuldades para ser contornada. A soma de sinais inobservados em casa e na escola, de não ser incentivado a colocar-se no lugar do outro, de não ouvir, e não se preocupar em estabelecer uma comunicação que interfira em mudança de comportamentos, provoca situações de descontrole que muitas vezes, como no caso aludido, são trágicos.

Os sinais de alerta são diários, e a má administração de conflitos, desde o seio familiar, somada ao despreparo das escolas, faz com que sua tendência seja de alta, infelizmente.

Há tempos a mediação de conflitos é um procedimento que pode auxiliar sobremaneira em momentos onde chega-se ao ápice deste destempero, sendo salutar o trabalho preventivo onde a cultura da comunicação não violenta deve ser quase que obrigação.

Vivemos num país tido como violento, com desigualdades intransponíveis, mas que merece empenho para reversão desse quadro triste .

Embora a família exerça papel fundamental, pois é nela que a noção de valores deve ser transmitida, cumpre na sociedade moderna, um papel relevante a escolas de promover conscientização relativas a respeito, diálogo, empatia, solidariedade, igualdade e ética.

As diretrizes da educação devem tornar obrigatória a mediação escolar, pois previne a todo momento, e combate em situações específicas, conflitos que sejam detectados, quando se prepara o dirigente que tem contato com os alunos, a monitorar as alterações comportamentais preocupantes.

Evidente que o esforço exige capacitação, pois são técnicas que melhoram a capacidade do diálogo, do apoio, do entendimento, do não julgar, do reformular, do incentivar, pois o objetivo é alcançar-se a paz social.


* LUIZ EDUARDO DA SILVA

Advogado, árbitro, Presidente do INSTITUTO DE MEDIAÇÃO E ARBITRAGEM DO ALTO TIETE e da COMISSÃO DE MEDIAÇÃO E ARBITRAGEM DA OAB MOGI DAS CRUZES SP.